quinta-feira, 18 de março de 2010

El Bolsón, 08-10.03.2010

Esta pequena cidade na região dos lagos é porta de entrada para o Parque Nacional Lago Puelo, mas é mais afamada pela sua atmosfera hippie, com direito a feirinha típica três vezes por semana. Reza a lenda que nos anos 70 uma turma do musical "Hair" passou pela zona e resolveu quedarse. Ficamos no albergue, eu, Hannah, Micaela (da Áustria) e 3 alemãs. Vamos ao tal lago Puelo, que impressiona pela atmosfera de... praia! Poizé, no meio da Patagônia andina, bermudas, boias e biquinis. Encontrei minha sombra verde e li um bocado. O mais legal da tarde foi certamente conversar com Hanna. Uma garota pálida com jeito de naturalista, descolada e despojada em suas calças auto-remendadas, Hanna me pinta um retrato marcante da mulher finlandesa. Como psicóloga, até que pudemos trocar ideias sobre os mesmos tipos de conflitos profissionais. No geral, entretanto, ficava evidente o abismo cultural latino-escandinavo. Não pude evitar notar que sua aura de independência lhe tirava um pouco do charme/delicadeza femininos que estaria brasileiramente esperando (aqui correndo o risco de ser tachado de machista). Como simpatizamos, achei por bem provocá-la um poquito. Entre uma e outra indagação das coisas da vida, disse-lhe que me parecia que a total emancipação feminina detona o romantismo e gera uma crise no papel do homem que apenas acentua individualismos. Machos inseguros por não sentir-se mais necessários, uma boa receita para levá-los a fugir pelo álcool para sonhar com mulheres latinas, supostamente esposas mais amorosas e dedicadas. Não se precisa assemelhar as mulheres dos homens, posto que somos diferentes por natureza. Direitos iguais, papéis nem sempre. Recordava-me de "Clube da Luta", livro e filme marcantes dos anos 90, sintomático dessa nova busca de identidade masculina numa modernidade que de tão livre, materialista e desprovida de ideais, parece deixar-nos a todos ansiosamente indefinidos e insatisfeitos. Bueno, me gusta viajar afinal...
No outro dia, fomos à famosa y hermosa feirinha hippie de Bolsón. Depois de comer um waffle com morangos, amoras, framboesas e chantilly (muy rico), andamos por entre as barraquinhas debaixo de sombra. Enquanto Micaela e Hanna se esbaldaram nos cosméticos e geleias naturais e nas bijuterias típicas (pareciam especiais, de fato), eu me ocupei de comprar souvenires para cunhadas e alfajores caseiros para miiiiiim, qual é o problema? heheheh, também aí me rendi ao típico rango de rua argentino: pão com milanesa, tomate e alface. Se não é uma iguaria, ao menos cai melhor que o choripán (linguiça no pão)...
Ao final do dia, já no albergue campestre, rústico e barato (pero con wi-fi!) que escolhemos, uma bela compensação: parrilla! O churrasco e la ensalada se fizeram acompanhar bem por um vinho barato, e (haja) cerveza Quilmes. Después de alguns copos, bien, buenas noches...

Nenhum comentário:

Postar um comentário